11 de janeiro de 2012

Terapia do perdão

Perdão AmorA depressão possui em suas raízes fatores orgânicos, cognitivos e emocionais. Observa-se na base dos aspectos emocionais a presença de raiva, seja ela contida ou mal administrada. Inerente à natureza humana e decorrente de frustrações vividas, a raiva, quando contida, isto é, guardada ou reprimida, volta-se contra quem a sentiu na forma de depressão. Situação parecida é encontrada nos casos de culpa, em que a pessoa sente raiva de si mesma. Tal processo leva ao rebaixamento da auto-estima, à desenergização do corpo e da mente e à angústia.
É neste contexto que a Terapia do Perdão surge como forte aliada na superação de quadros depressivos. Quando a causa é a mágoa, a raiva é superada pelo perdão e quando o problema é a culpa, a eliminação da raiva envolve o auto-perdão.
Por definição, perdão significa a remissão da culpa ou da pena. No entanto, esta conduta terapêutica encontra dois grandes obstáculos culturais. Na infância, normalmente aprende-se que se deve perdoar aos outros, mas a prática do perdão fica associada ao esquecimento da ofensa e à anulação da raiva, o que parece utópico e contrário ao processo de amadurecimento emocional. Também, não é ensinado que as pessoas às vezes precisam perdoar a si mesmas. Então, como colocar o perdão em prática de forma eficiente? O que falta ao ser humano para que essa atitude seja facilitada?
Observa-se que tanto o perdão quanto o auto-perdão requerem uma expansão na forma de perceber a si, o outro e a vida. O ato de perdoar é dificultado pela visão egocêntrica de que a culpa é exclusivamente do outro. É preciso compreender que estamos sempre conectados mentalmente ao que nos acontece, mesmo que de forma inconsciente. Isto nos faz co-criadores de todas as situações em que nos envolvemos e, portanto, co-responsáveis também. Assim, fica superada a idéia de que somos vítimas de alguém ou de alguma situação.
Outro aspecto importante é desenvolver um olhar de empatia e compaixão, no qual é possível perceber os sentimentos, as dores e as dificuldades que moveram o comportamento da outra pessoa, exercitando a habilidade de compreender o outro.
Já o auto-perdão encontra barreiras na auto-crítica elevada, na rigidez, no perfeccionismo e na falta de coragem para enfrentar a situação pela qual se condena. É necessário que aquele que carrega culpa entenda que ela deve ser transformada em responsabilidade, evitando a inércia e o martírio, abrindo espaço para a reparação do erro cometido ou mesmo para um novo entendimento do fato.
O ser humano, às vezes, age de forma dura e implacável consigo e com o outro e a compreensão de que somos todos aprendizes do viver, de que os erros e os acertos compõem a estrada do crescimento, gera mais tolerância e favorece a prática do perdão.
Pode-se dizer que o perdão é libertador, que alivia a consciência, traz alegria, movimenta energias positivas, restaura a auto-estima e é capaz de livrar o Ser da depressão. Que possamos nos olhar com mais carinho e respeito, estando dispostos a perdoar e a recomeçar sempre que preciso, com a cabeça erguida e a certeza de que a felicidade é fruto de uma consciência limpa e em paz.

A seguir você encontra a letra e a música de Maurício Duboc, inspirada no Ho'oponopono, técnica de auto-cura desenvolvida pelo psicólogo havaiano Dr. Ihaleakala Hew Len, que tem como base o perdão.

Se acolho o que meu ego vê
Ou se vejo algum mal em você
Sinto muito... me perdoe
Te amo... Sou grato...
Se endosso o que não é real
Se acredito que existe o mal
Sinto muito... me perdoe,
Te amo... sou grato...
Se esqueço que sou Infinito
Se dou crédito a qualquer delito
Sinto muito... me perdoe,
Te amo... sou grato...
Se a mente que mente é do ego
Se o medo ainda me deixa cego
Sinto muito... me perdoe
Te amo... sou grato...
Se esqueço de que somos Um
Não percebo o que nos é comum
Sinto muito... me perdoe,
Te amo, sou grato...
Se em seus olhos não consigo me ver
Se ainda creio que preciso sofrer
Sinto muito... me perdoe,
Te amo... sou grato...Te amo...
(Maurício Duboc)

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