30 de novembro de 2011

Atividade física no combate à Depressão

O tratamento da Depressão, para que possa trazer bons resultados, além de contar com recursos das áreas médica e psicológica, requer sempre o empenho, ou seja, o comprometimento do deprimido com a sua melhora. Entre as atribuições do paciente no processo de recuperação está a prática de atividades físicas.




Conhecimentos no campo da fisiologia, da psicanálise e da bioenergética permitem afirmar que são muitos os benefícios que a atividade física pode trazer ao tratamento do Transtorno Depressivo:

LIBERA ENDORFINA: Este hormônio é responsável pela sensação de bem-estar.

EXPANDE A RESPIRAÇÃO: Favorece o fluxo da bioenergia e oxigena melhor o cérebro, melhorando o desempenho de suas funções.

CORRIGE A POSTURA CORPORAL: Os exercícios de alongamento e a atividade física em si tendem a melhorar o alinhamento da coluna e levantar a cabeça, redirecionando o olhar que antes era voltado para baixo e negativamente introspectivo e agora é erguido e passa a perceber o mundo que está em volta e o horizonte, possibilitando a atitude de olhar para frente e mentalizar objetivos a serem alcançados.

MELHORA A SOCIALIZAÇÃO: As atividades realizadas em equipe ou na presença de outras pessoas tendem a tirar o deprimido do isolamento em que comumente se encontra.

AUMENTA A CAPACIDADE CARDIO-RESPIRATÓRIA: A maior resistência física traz a sensação de capacidade e faz diminuir o desânimo, próprio dos quadros depressivos.

COMBATE O ESTRESSE: Estudos revelam que, em muitos casos de depressão, o Cortisol, hormônio ligado ao estresse, encontra-se em níveis elevados.

INTENSIFICA A FORÇA DE VONTADE: O esforço que é feito para se concluir a atividade física trabalha os sentimentos de perseverança, auto-superação e bom ânimo, além de refletir positivamente na auto-estima.

DESPERTA O ESPÍRITO DE LUTA: A agressividade positiva, necessária para se manter na vida, é estimulada por muitos esportes, construindo uma atitude firme e determinada, com foco na superação, trabalhando também a concentração e a objetividade.

REVITALIZA O CORPO E A MENTE: Exercícios que envolvem o ato de pular fazem fluir a bioenergia, provocando um estado de excitação psíquica capaz de combater a sensação de desânimo presente nos quadros depressivos.

EXTERNALIZA A RAIVA: Uma das maiores causas psicológicas da depressão é a dificuldade em lidar com a raiva. Ela pode ser reprimida, levando à dessensibilização do corpo e da mente, ou ser direcionada contra a própria pessoa em situações de culpa, favorecendo em ambos os casos o surgimento do transtorno depressivo. Atividades que envolvem esforço, luta corporal, chutes, gritos, socos, raquetadas e outras que exigem atitude e energia podem contribuir para a externalização da raiva de forma positiva (com regras), fazendo fluir a energia bloqueada e aliviando a angústia existente.


É bom ressaltar que as atividades físicas constituem um importante apoio no tratamento da depressão, não substituindo os recursos médicos, psicoterápicos e a imprescindível mudança de postura do deprimido diante da vida.

6 de julho de 2011

Auto-ajuda no tratamento da Depressão

A alteração do campo mental do deprimido em direção à saúde pode ser favorecida por medicamentos e psicoterapias. No entanto, há um importante elemento no processo de recuperação que depende exclusivamente do doente: seu esforço pessoal, ou seja, sua atitude em busca da própria melhora.
Inúmeros são os recursos disponíveis para a auto-ajuda, mas é preciso vencer o desânimo e os pensamentos negativos, num exercício constante de auto-superação e disciplina, para que se consiga complementar a ação de médicos e psicólogos.


- Cuidar da aparência
(ajuda a preservar a auto-estima)

- Manter ambientes iluminados, arejados e limpos
(melhora a energia do ambiente e das pessoas que nele se encontram)

- Evitar drogas lícitas e ilícitas
(evita a depressão por ação química)

- Expressão da raiva
(a raiva contida pode se voltar contra a pessoa na forma de depressão. Deve ser manifestada em conversas, em exercícios de expressão, extravasada nos esportes ou direcionada para a auto-superação)

- Religião
(alimenta a fé e a esperança, melhora a postura diante da vida e estimula a humildade e a caridade)

- Trabalho voluntário
(doar-se é um ótimo caminho para melhorar a auto-estima)

- Atividade física
(evita o estresse, traz sensação de prazer, trabalha a força de vontade e a agressividade positiva, além de estimular o fluxo energético no corpo e na mente)

- Exercício de respiração e relaxamento
(equilibra o fluxo energético)

- Alimentação saudável
(a medicina ortomolecular aponta a falta de alguns aminoácidos e vitaminas do complexo B, que são usados na síntese de neurotransmissores, como uma das causas da depressão)

- Boas leituras
(mantém a mente sintonizada com idéias positivas)

- Contato com a natureza
(equilibra o fluxo energético)

- Exercício de alongamento
(corrige postura corporal, levanta o olhar e trabalha a flexibilidade)

- Sorrir
(traz sensação de prazer pela liberação da endorfina)

- Cultivar o pensamento positivo
(evita o desânimo e a inércia e provoca efeitos positivos na mente e no corpo)

- Cuidar do fator desencadeador
(enfrentar os problemas que desencadearam o quadro depressivo)

3 de julho de 2011

Atitudes libertadoras


Desde a infância, através de experiências afetivas e cognitivas, a criança vai construindo conceitos sobre si, a vida, o mundo e as relações sociais. Essas informações captadas num momento de descoberta e formação da própria identidade são tomadas pela criança como verdades que muitas vezes a acompanharão por toda a vida. A personalidade vai, então, sendo estruturada e padrões de comportamentos vão sendo estabelecidos. Todo este processo determina a postura que a pessoa adotará diante da vida, incluindo a forma de se relacionar e de reagir às dificuldades encontradas.
Ocorre que experiências negativas vividas na infância podem gerar conceitos distorcidos, provocando conflitos de auto-estima, dificuldades no relacionamento interpessoal e desesperança em relação ao futuro, favorecendo a formação de quadros depressivos.
Já se sabe que pensamentos e emoções são capazes de alterar a atividade celular de forma positiva ou negativa, levando à saúde ou à doença, respectivamente, deixando clara a participação do deprimido na construção de seu quadro, assim como na superação do mesmo.
Gasta-se tempo e dinheiro tentando tratar a depressão de forma passiva, como se o paciente fosse um simples hospedeiro da doença, vítima da vida e não o causador de sua enfermidade. Isso pode ser constatado pelo alto índice de recorrência da doença, observado apesar dos tratamentos farmacológicos e psicoterápicos.
É necessário que a pessoa com depressão compreenda que é responsável pela própria felicidade e que a forma como tem entendido a vida e reagido a ela tem gerado sua angústia, seu desânimo e sua tristeza. O Transtorno Depressivo é antes de tudo um convite a mudanças internas, isto é, a alterações na postura diante da vida.
A ligação existente entre a depressão e a forma de ver e sentir a vida fica ainda mais evidente quando se observa os quatro fatores causais encontrados com maior freqüência na base dos quadros depressivos de origem psicológica:

RAIVA
Origens: intolerância às frustrações.
Comportamentos: mágoa; ressentimento; vitimismo; revolta contra as circunstâncias da vida; culpa; ...
Atitudes Libertadoras: tolerância; perdão; auto-perdão; assumir a responsabilidade pela própria vida; manifestação da raiva através da fala, do esporte ou de exercícios de expressão; colocar-se no lugar do outro, resignação.

CULPA
Origens: atitudes infelizes que geram arrependimento; educação com rigidez, críticas ou elevada expectativa dos pais; conflitos gerados por conceitos religiosos.
Comportamentos: intolerância; perfeccionismo; rigidez; alto nível de exigência consigo e com os outros; auto-punição; moralismo; auto-compaixão; baixa auto-estima; ...
Atitudes Libertadoras: auto-perdão; revisão de conceitos aprendidos; reparação; compreensão da própria condição de aprendiz; tolerância; flexibilidade; auto-aceitação.

SENTIMENTO DE PERDA
Origens: perda de objetos, pessoas ou situações que sustentavam a auto-estima; perda da autonomia, da identidade, do sentido existencial ou de afeto; ...
Comportamentos: raiva; sensação de desamparo e incapacidade; sentimento de rejeição; vazio existencial; ...
Atitudes Libertadoras: adaptação; desenvolvimento da autonomia; autoconfiança; resignação.

COGNIÇÕES NEGATIVAS
Origens: construção de conceitos negativos sobre si, o mundo e o futuro a partir das experiências vividas na infância.
Comportamentos: pessimismo; desesperança; sentimento de desamparo; baixa auto-estima (sentimentos de inadequação, rejeição, incapacidade de dar e receber amor, incompetência, auto-desvalorização); ...
Atitudes Libertadoras: revisão de conceitos aprendidos; busca de novas referências; pensamento positivo; auto-aceitação; auto-perdão; perdão; doar-se.

Torna-se imprescindível associar a reforma íntima aos tratamentos médicos e psicológicos. É necessário rever conceitos, atitudes, valores, sentimentos e pensamentos para que se reduzam os riscos de retorno ao quadro.

1 de julho de 2011

Cuidando da infância


Observa-se que muitos fatores envolvidos na causalidade da depressão têm suas bases na infância.
A construção da auto-estima, da forma de se relacionar, da visão de mundo, enfim, da personalidade, se dá desde muito cedo na relação entre a criança e as pessoas que se ocupam de seus cuidados. Com base em teorias da personalidade, acredita-se que o período compreendido entre 0 e 7 anos de idade seja de grande influência na estruturação de padrões de comportamento que acompanharão a pessoa ao longo da vida. Assim, faz-se necessário que aqueles que se dedicam aos cuidados da infância, seja no ambiente familiar ou educacional, preocupem-se com o tipo de vínculo afetivo que está sendo construído.
A criança aprende sobre ela e sobre a vida através de informações que capta de outras pessoas e que processa em suas vivências afetivas e cognitivas. Partindo do que falam sobre ela e de simples reações à sua presença, a criança vai descobrindo quem ela é, isto é, vai construindo sua auto-imagem. Diz-se que os adultos funcionam como espelhos para a criança.
Muitas crianças crescem escutando que são burras, incapazes, incompetentes, teimosas, chatas, inconvenientes e um peso na vida das pessoas, ou que são inteligentes, perseverantes, criativas, agradáveis, capazes, indispensáveis e amadas. Sejam as informações incorporadas positivas ou negativas, a criança tende a agir de acordo com a imagem que forma de si. Essas impressões ajudam a compor a identidade da pessoa e tornam-se de difícil mudança na vida adulta.
Outro ponto importante na construção da identidade são os modelos introjetados na convivência com os adultos. No decorrer do desenvolvimento, a criança vai internalizando padrões de comportamento, espelhando-se nas pessoas que a cercam. Entre os modelos de identificação, que podem futuramente servir de base para a depressão, estão o perfeccionismo e a intolerância, revelando um alto nível de crítica e exigência, o pessimismo, o sentimento de inferioridade, a submissão, a dificuldade de expressar a raiva, a auto-depreciação e a postura ilusória e arrogante de auto-suficiência.
O jeito como uma criança é tratada também exerce influência na construção de sua auto-estima, sendo esta o sentimento que uma pessoa tem de ser amada, útil, aceita, de ter algo de bom em si para oferecer ou não. Trata-se do valor que a pessoa se atribui, do quanto ela se ama e se aceita. Por exemplo, percebe-se que as crianças se esforçam para agradar sempre os pais e não decepcioná-los, tentando preservar a atenção e o carinho deles. Essa situação auxilia o desenvolvimento infantil, mas pode ser um problema quando o nível de intolerância e exigência dos adultos é elevado, esperando da criança comportamentos destoantes daqueles esperados em sua faixa etária. Tal exigência é observada em pequenas situações no dia-a-dia como não colorir fora dos contornos do desenho, fazer uma letra bonita, não derramar suco na mesa, não se sujar, entre outras que vêm sempre acompanhadas de comentários infelizes do tipo: “Não é possível, você não aprende nunca?!”; “Quantas vezes tenho que te explicar a mesma coisa?!”; “Eu não esperava esse comportamento de você!”. Quando isso ocorre, sentimentos de culpa, inadequação, incapacidade, rejeição e fracasso tomam conta da criança, comprometendo sua auto-imagem e sua auto-estima. Assim, vai se tornando cada vez mais intolerante consigo mesma e com os outros e, ao longo da vida, sua postura rígida e perfeccionista lhe trará perturbações em forma de culpa e, conseqüentemente, depressão.
Para se ter adultos com uma boa auto-estima, é preciso mostrar às crianças o valor que elas têm. E não basta amar, é necessário que a criança se sinta amada. Por isso, é importante demonstrar o amor, falar desse amor, abraçar, fazer carinho, ressaltar suas qualidades internas e ser paciente com seu processo de aprendizagem, uma vez que todo ser humano é aprendiz do viver.

A raiva como base da Depressão

             Uma dos fatores emocionais mais observados nos casos de depressão é a dificuldade que a pessoa encontra para lidar com a própria raiva.
            Inerente à condição humana, a raiva decorre das inúmeras e inevitáveis situações de frustração impostas pela vida desde o nascimento. De forma saudável, a educação e os bons vínculos afetivos vão lentamente conduzindo a criança ao amadurecimento emocional, de forma a torná-la mais tolerante e bem adaptada.
            De uma pessoa emocionalmente madura espera-se a capacidade de renunciar, substituir, aguardar, compreender e se expressar. Trata-se da possibilidade de tolerar situações indesejáveis, e de não guardar para si a raiva experimentada, podendo manifestar seu descontentamento. Tal condição começa a ser estruturada desde cedo quando o bebê, que é naturalmente intolerante às frustrações, se irrita por sentir fome, frio, dor e outras sensações desconfortáveis. Caso ele encontre, no momento da raiva, alguém que o acolha e cuide, restabelecendo uma condição de conforto, vai aprendendo que o mundo pode agüentar sua agressividade e que as dores são passageiras e suportáveis, desenvolvendo assim a capacidade de tolerar os momentos desagradáveis.
No entanto, o bebê pode vivenciar situações em que sua raiva não encontra o acolhimento necessário ou a ação do amor firme que é capaz de construir bons limites e um ego forte. Desta forma, a criança não desenvolve uma boa condição de tolerância, tendendo a comportamentos agressivos e imaturos, ficando mais propensa a desenvolver conflitos emocionais, entre eles a depressão.
Entre as abordagens que colocam a raiva como uma das causas do transtorno depressivo, destacam-se a psicanálise e a bioenergética.
Na visão psicanalítica, as perdas podem ser sucedidas pela raiva da pessoa em relação ao “objeto” perdido, sendo que esta raiva pode se voltar contra a própria pessoa na forma de depressão.
Outra explicação da psicanálise, que liga a raiva à depressão, é o sentimento de culpa gerado pela existência de sentimentos ambivalentes, de amor e ódio, em relação a alguém. A sensação de nutrir sentimentos e/ou comportamentos de hostilidade por alguém que se ama ou de ter lhe decepcionado provoca um estado de culpa, que está carregado de raiva da pessoa contra si mesma, resultando em baixa auto-estima.
No entendimento da abordagem psico-corporal ou bioenergética, quando a expressão da raiva é inibida, provoca-se um estado de tensão em diversos grupos musculares e a repetição desta inibição ao longo do processo de desenvolvimento infantil tende a produzir uma tensão muscular crônica que resulta em bloqueio do fluxo da energia corporal, rebaixamento da expressividade e comprometimento respiratório, desvitalizando o corpo e a mente, culminando na depressão.
A relevância da raiva na constituição dos quadros depressivos fica ainda mais evidente quando se observa as principais causas psicológicas deste transtorno de humor: as perdas, as cognições negativas e a culpa. As perdas geram frustração, que por sua vez geram raiva. As cognições negativas são construídas também com base em vivências frustrantes que resultam em raiva. Já a culpa revela raiva da pessoa por si mesma. Assim, fica ainda mais clara a participação deste sentimento nas causas psicológicas da depressão, sugerindo que as intervenções psicoterápicas devem sempre incluir o desenvolvimento da tolerância, o extravasamento adequado da raiva (esporte, conversa, exercícios de expressão, ...) e o direcionamento da agressividade para o crescimento pessoal.

Causas da Depressão

O século XX foi marcado por grandes avanços na compreensão dos quadros depressivos. Tais conquistas envolvem estudos sobre os neurotransmissores, a produção de fármacos anti-depressivos, o uso de recursos tecnológicos que favoreceram a neurociência e o desenvolvimento de teorias psicológicas e de técnicas psicoterápicas. Assim, foi se consolidando o entendimento sobre a co-existência de fatores orgânicos e psíquicos na depressão e, consequentemente, a associação entre remédios e psicoterapia nos tratamentos.


             No entanto, atualmente, ainda há divergências sobre a origem deste transtorno.  Seria ele orgânico, refletindo no campo emocional, ou psicológico, provocando alterações fisiológicas? Com base nas contribuições e pesquisas de ambas as áreas, é possível, de forma ponderada, compreender que as causas deste mal são diversas, sendo que em alguns casos a origem é psíquica e em outros a sua base é orgânica. É importante ressaltar que em qualquer situação a interação corpo e mente ocorre, tornando recomendável um olhar conjunto de médicos e psicólogos na construção de um diagnóstico que revele a verdadeira causa e aponte as diretrizes mais adequadas ao tratamento.

CAUSAS ORGÂNICAS
- Falha na neurotransmissão: A atividade cerebral se dá pela estimulação dos neurônios, através de impulsos nervosos, que se propagam de um neurônio a outro, mobilizando as diversas regiões cerebrais. Para que ocorra a transmissão do estímulo nervoso, uma substância chamada neurotransmissor flui por uma pequena lacuna existente entre um neurônio e outro, denominada sinapse. O neurotransmissor liberado pelo neurônio pré-sináptico liga-se a um receptor do neurônio pós-sináptico, fazendo com que este dispare um novo estímulo elétrico que fluirá em direção ao próximo neurônio da cadeia, dando continuidade à transmissão. Na fisiopatologia da depressão, observa-se uma falha na transmissão sináptica, sendo que alguns neurônios pós-sinápticos não disparam o impulso elétrico que daria continuidade à transmissão. Atualmente, considera-se que essa falha pode estar relacionada com a baixa quantidade de neurotransmissores nas sinapses, a presença de agentes bloqueadores, a presença de neurônios inibidores, a baixa sensibilidade neuronal e o pequeno número de receptores do neurônio pós-sináptico.

- Alterações hormonais: Entre os hormônios cuja alteração se relaciona com os sintomas de depressão, destacam-se os da tireóide (regulam o estado de vigília), o cortisol (reação ao estresse) e os sexuais (principalmente na TPM e na menopausa).
- Lesões cerebrais: A depressão pode ter origem na impossibilidade de algumas estruturas cerebrais executarem suas funções. Acidentes ou agressões que resultem em traumatismo craniano podem influenciar a ação de neurônios localizados no tronco cerebral. Nessa região, pode haver comprometimento da hafe, encarregada da produção de serotonina, e do locus ceruleus, que produz a noradrenalina, levando ao desequilíbrio neuroquímico que afetará a neurotransmissão.

- Substâncias químicas: No caso do uso de drogas, observa-se que no período de abstinência ocorre a redução das neurotransmissões que envolvem a dopamina e serotonina. Esse fato sugere a possibilidade de depressão no período em que o adicto se abstém do uso da substância. Entretanto, algumas drogas como a cocaína, podem provocar sintomas depressivos logo após o término do efeito estimulante. No caso do tabagismo, algumas substâncias presentes no tabaco, denominadas tiocianatos, causam o impedimento da captação de iodo pela tireóide, resultando no quadro de hipotireoidismo, relacionado com alguns casos de depressão. Sabe-se, também, que a abstinência da nicotina provoca sintomas como irritabilidade, ansiedade, rebaixamento do humor, distúrbios de sono e de apetite. Outra relação entre substâncias químicas e a depressão é o efeito colateral proveniente do uso de alguns medicamentos. Entre eles estão alguns esteróides, tranqüilizantes, sedativos, pílulas para dormir, pílulas para emagrecer, anti-histamínicos, diuréticos, antibióticos, antipsicóticos, anticonvulsivos, pílulas anticoncepcionais, antiinflamatórios, broncodilatadores, medicamentos para ansiedade, pressão alta e câncer, entre outros. Importante ressaltar que tais efeitos colaterais provocam apenas sensações parecidas com sintomas de depressão, podendo em alguns casos desencadear o processo depressivo.

- Fatores genéticos: Sabe-se que pessoas que têm parentes em primeiro grau (pai, mãe, irmãos ou avós) com histórico de depressão, têm maior probabilidade de apresentar o problema. Filhos de pai ou mãe com depressão têm três vezes mais chances de apresentar a doença do que pessoas sem histórico na família. Os índices aumentam quando o pai e a mãe sofrem do transtorno. Existem teorias que explicam tal situação em função das relações interpessoais do grupo familiar, considerando o ambiente como o fator de maior relevância. Entretanto, pesquisas feitas com gêmeos e adotados confirmam a existência de uma predisposição genética. Gêmeos idênticos foram comparados com gêmeos fraternos em relação à depressão e os resultados revelaram que a probabilidade de os gêmeos fraternos compartilharem a doença é de aproximadamente 20%, enquanto nos gêmeos idênticos, o índice sobe para algo em torno de 60%. Outros estudos abordaram pessoas adotadas e apresentaram evidências de que aquelas que tinham pais biológicos com histórico de depressão tinham mais chances de desenvolver o transtorno do que aquelas que tinham pais biológicos sem histórico de depressão.

CAUSAS PSICOLÓGICAS

- Perdas: Em 1917, Sigmund Freud, pai da psicanálise, observou a relação existente entre aspectos inconscientes do sentimento de perda e a gênese da depressão, denominada, na época, melancolia. Vale ressaltar que o conceito atual de perda é abrangente, envolvendo diversas situações como a perda do sentido existencial; de entes queridos; de identidade; de objetos, pessoas ou situações que sustentavam ilusoriamente a auto-estima; que afetam as funções do ego (adaptativas), como visão, memória, audição e autonomia; do amor materno, resultando em sentimentos de abandono, rejeição e desamparo; entre outras.

- Culpa: O sentimento de culpa é um elemento freqüentemente observado nos casos de depressão. Esse sentimento pode ter origens diversas. Entre elas, destacam-se conflitos provocados pela dissonância entre sentimentos e dogmas religiosos; a sensação de ter frustrado as expectativas daqueles a quem ama e por quem espera ser amado; a ideia de ser incapaz de fazer reparações em relação a situações provocadas e vistas como negativas.

- Cognições negativas: Os conhecimentos sobre a influência dos pensamentos nos comportamentos e sentimentos humanos já tiveram a contribuição de inúmeros pesquisadores e são, atualmente, a base de muitas teorias sobre auto-ajuda. Alguns estudos revelam que os cognições negativas podem provocar ou ajudar a prolongar a duração do quadro depressivo. Dentro dessa concepção, a depressão envolve pensamentos negativos a respeito de si, do mundo e do futuro. Tais concepções são desenvolvidas desde a infância, através das relações afetivas e das informações que a criança capta do mundo que a cerca, interferindo na formação de sua identidade, sua auto-imagem, sua auto-estima, suas relações interpessoais e na sua expectativa, otimista ou não, em relação ao futuro.

- Raiva: Entre as manifestações emocionais freqüentemente relacionadas com os quadros de depressão, a que mais se destaca é a raiva. Fruto das situações de frustração, esta reação, que é inerente à natureza humana, é muitas vezes reprimida ou não encontra manifestação adequada e, assim, recai contra a própria pessoa na forma de depressão. Este sentimento é também observado nos três itens anteriores, pois as perdas e os conceitos negativos geram frustração e a culpa acarreta raiva de si mesmo. Isso faz com que a raiva contida esteja sempre presente nos quadros depressivos determinados emocionalmente.

26 de junho de 2011

Frases com sabedoria


Jean-Paul Sartre: filósofo francês (1905-1980)

       “A felicidade não está em fazer o que a gente quer e sim, em querer o que a gente faz.”

       “Não importa o que fizeram de nós, mas o que faremos daquilo que fizeram de nós.”

       “Somente quem não está remando tem tempo para balançar o barco.”


Matthew Arnold: poeta americano (1822-1888)

       “A vida não é ter e obter. É ser e tornar-se.”


Buda: líder religioso indiano (563-483 a.C.)

       “A vida não é uma pergunta a ser respondida. É um mistério a ser vivido.”


Carlos Drummond de Andrade: poeta brasileiro (1902-1987)

       “O sentido da vida é buscar qualquer sentido.”


Friedrich Nietzsche: filósofo alemão (1844-1900)

       “Aquele que tem um porquê para viver pode suportar quase qualquer como.”


Sócrates: filósofo grego (470-399 a.C.)

       “Tudo o que sei é que nada sei.”


Viktor Emil Frankl: neurologista e psiquiatra austríaco (1905-1997)

       “A busca da pessoa por um sentido é a motivação primeira em sua vida.”

       “Liberdade é estar livre para e não livre de.”

Depressão, história e ciência

A depressão é uma das doenças mais preocupantes da atualidade, porém há registros de personagens bíblicos como Jó e o Rei Saul, apresentando sintomas de depressão, tendo este último cometido suicídio e o primeiro sido exemplo de paciência, fé e perseverança.
Apesar de a depressão ter sido foco de muitos estudos nos séculos XIX e XX, historicamente a atenção dada a essa enfermidade remonta a vários séculos antes de Cristo.
Na Grécia antiga o estado melancólico era atribuído a castigos impostos pelos deuses em função de comportamentos incorretos.
Hipócrates (460-377 a.C.), o pai da medicina, foi o primeiro a considerar os comportamentos anormais com causas naturais, ao invés de sobrenaturais como ocorria até então.
No século II a.C., Galeno acreditava que o comportamento era influenciado pelo desequilíbrio de quatro líquidos presentes no corpo: bílis negra, bílis amarela, fleuma e sangue. Afirmava que o elevado nível de bílis negra levaria à melancolia, o aumento de bílis amarela seria responsável pela ansiedade, assim como o excesso de fleuma estaria associado ao temperamento preguiçoso e o de sangue às oscilações rápidas de humor. Com esse entendimento, no intuito de eliminar o excesso de bílis negra, o tratamento do paciente melancólico era feito com sangria, laxativos e vomitórios, o que levava muitos pacientes à morte por desidratação.
No século I da era Cristã, o médico grego Areteu teve marcante participação no entendimento dos quadros depressivos. Foi ele o autor dos principais textos que trouxeram à atualidade a idéia de uma unidade da doença maníaco-depressiva, apontando a mania como resultado do agravamento do quadro de melancolia.
Na Idade Média (500 – 1500 da era cristã), a forte influência religiosa na Europa fez com que as abordagens naturalistas fossem abandonadas e ressurgissem antigas crenças sobre a possessão demoníaca e o uso de tratamentos exorcistas para os transtornos mentais.
Por volta do século XIII, a Igreja católica passa a considerar a melancolia como um pecado, revelando uma fraqueza moral diante das vicissitudes da vida.
Durante o período da escravidão no Brasil, os negros, na condição de isolados de suas pátrias e famílias e privados de sua liberdade, eram acometidos por uma intensa e mortal nostalgia denominada “banzo”. Certamente, experimentavam depressão.
No século XVII, época em que a palavra “depressão” passa a ser utilizada pela literatura inglesa, o filósofo francês René Descartes (1596-1659) reiterou a idéia da cisão entre a mente (alma, espírito) e o corpo, já lançada pelo filósofo Platão (427-347 a.C.). Descartes afirmava que após a morte do corpo, este se torna apenas uma máquina. Apesar da primeira dissecação humana ter sido registrada pelo filósofo grego Herófilo e pelo anatomista Erasístratro, considerado pai da fisiologia, aproximadamente 250 anos antes da era cristã, a afirmação de Descartes favoreceu a ampliação dos estudos sobre anatomia humana, escassos nos séculos anteriores, uma vez que a Igreja considerava o corpo como algo sagrado por ser a sede da alma. Desta maneira, a tese de Galeno foi sendo substituída pela compreensão de que o cérebro seria o responsável pelas perturbações do humor.
No final do século XIX, o psiquiatra alemão Emil Kraepelin ofereceu importantes contribuições ao conhecimento das enfermidades psíquicas. Entre elas está a divisão dos quadros psicóticos em dois grandes grupos: demência precoce e insanidade maníaco-depressiva. Os estudos de Kraepelin formaram a base das modernas classificações dos transtornos mentais.
            Já no campo da subjetividade, em 1917, Sigmund Freud, pai da psicanálise, publica “Luto e Melancolia”, destacando a existência de aspectos inconscientes, vinculados ao sentimento de perda na gênese da melancolia.
            Na década de 30 surge a terapia eletroconvulsiva, baseada na crença de que a indução do estado convulsivo poderia tratar doenças mentais, uma vez que pacientes portadores destes transtornos e também epiléticos apresentavam melhora no quadro psiquiátrico durante algum tempo após as crises de convulsão. A indução era feita a princípio com o uso de agentes farmacológicos e, posteriormente, foi introduzido o uso do eletrochoque.
Em 1936, o filósofo inglês Henry Dale recebeu o Prêmio Nobel por seus estudos sobre a transmissão dos impulsos nervosos.
Por volta dos anos 50, surgem os primeiros fármacos anti-depressivos. Na busca de anti-histamínicos que não provocassem sedação, a indústria farmacêutica descobriu a imipramina (Trofanil). Observou-se que os deprimidos que tomavam esse medicamento para o combate de processos alérgicos ou inflamatórios apresentavam melhora no humor. Esse remédio e outros semelhantes foram denominados tricíclicos, em função de sua estrutura química. Posteriormente, na tentativa de se encontrarem fármacos para o tratamento da tuberculose, descobriu-se que a iprozianida melhorava o humor de tuberculosos deprimidos. Surgiam, assim, os inibidores da ação da enzima monoaminoxidase (IMAO). Estas duas classes de medicamentos descobertos na década de 50 ficaram conhecidas como a “primeira geração de antidepressivos”. Essas primeiras drogas utilizadas no tratamento da depressão tinham a desvantagem de produzir fortes e incômodos efeitos colaterais.
Em 1960, o neuroquímico norte-americano Julius Axelrod também recebe o Prêmio Nobel pela descoberta das substâncias que possibilitam a transmissão dos impulsos nervosos (neurotransmissores). Esse fato favoreceu o avanço em relação aos medicamentos anti-depressivos.
Ainda na década de 60, aumentaram as contribuições da psicologia com a prática das psicoterapias cognitivo-comportamental e transpessoal.
Em 1970, médicos norte-americanos começaram a usar o Lítio como agente estabilizador do humor, sendo mais utilizado nos casos de mania.
A década de 80 foi marcada pelo uso da “terapia da luz” no tratamento da depressão, em função do seu aspecto sazonal (em países de maior latitude, a depressão apresenta maiores índices no inverno, sendo possivelmente influenciada pela baixa luminosidade).
Ainda na década de 80, surge a “segunda geração de antidepressivos”, oferecendo maior segurança ao tratamento e efeitos colaterais mais suportáveis para o paciente. Trata-se dos inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS).
Somente na década de 90, consolida-se o entendimento acerca dos benefícios obtidos na combinação entre recursos farmacológicos e psicoterápicos no tratamento da depressão.
Em 1992, a CID 10 (Classificação Internacional das Doenças), em seu capítulo V (Transtornos Mentais e de Comportamento), descreveu a depressão como um Transtorno de Humor. De acordo com essa recente classificação, a depressão pode se apresentar numa forma unipolar, com variações entre leve, moderada e grave, ou revelar uma alternância entre episódios maníacos e depressivos, compondo o “Transtorno Bipolar”.
O início do século XXI, em decorrência dos grandes avanços da neurociência na década de 90, considerada a “década do cérebro”, tem sido marcado por inúmeras pesquisas  na busca de maiores conhecimentos sobre o funcionamento cerebral. Recursos de imagem como a Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET) e a Espectroscopia por Ressonância Magnética têm possibilitado novos entendimentos sobre o funcionamento das diversas estruturas que compõem o cérebro e que parecem estar envolvidas nos transtornos de humor.
Observamos, ainda, o surgimento de novos segmentos acadêmicos que têm proporcionado maior integração entre as áreas médica e psicológica. Como exemplo, podemos citar a psicobiologia, a neurociência clínica, e a neuropsicologia. É possível que essas novas contribuições, aliadas aos diversos recursos psicoterapêuticos já existentes e aos avanços da psicofarmacologia, resultem numa melhor compreensão dos transtornos depressivos, no aperfeiçoamento das práticas psicoterápicas e na produção de fármacos com menos efeitos colaterais.

Sintomas da Depressão


Podemos agrupar os principais sintomas observados nos quadros depressivos em 5 áreas distintas: humor, pensamento, fisiologia, expressão corporal e vida social.

a)   Alterações do humor:
·  tristeza                   
· emotividade            
· angústia
· irritabilidade
· ansiedade
· ausência de prazer
· desmotivação

b)   Alterações no pensamento:
· baixo rendimento intelectual
· falta de Fé (em si, em Deus, na vida,
   nas pessoas e nos tratamentos)
· sentimento de abandono ou rejeição
· sentimento de inferioridade
· falta de sentido na vida
· baixa auto-estima
· pessimismo
· sentimento de culpa
· idéias de auto-extermínio

c)   Alterações fisiológicas:
· alterações no sono
· alterações no apetite
· redução do interesse sexual
· baixa no sistema imunológico

     d)   Expressão corporal:
· cabeça baixa
· peito embutido
· coluna curvada
· olhar desvitalizado
· despreocupação com a higiene pessoal
· despreocupação com a aparência
· respiração superficial
· movimentos lentos e contidos

e)   Vida social:
· isolamento
· desinteresse pelas atividades sociais